segunda-feira, 15 de julho de 2019

Religiosos preocupam-se com aumento da intolerância no governo Bolsonaro



Pastor evangélico, babalorixá e padre debatem na Rádio Brasil Atual a influência da religião na política e as perspectivas da cultura de paz com próximo governo. “Será um ano de luta e resistência”, diz padre Júlio Lancellotti

São Paulo – “É o casamento do neoliberalismo econômico, que aprofunda a desigualdade social, com o fundamentalismo religioso, que tem vocação autoritária”. Assim analisa o professor, teólogo, ator, militante dos direitos humanos e pastor evangélico Henrique Vieira, da Igreja Batista do Caminho, o que representa a ascensão de Jair Bolsonaro (PSL) ao poder Executivo. Um projeto, segundo ele, “anti-povo, anti-pobre, anti-diversidade e anti-democracia”.
Vieira conversou com os jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual, acompanhado do babalorixá Walter Pináya D’Xangô Agandjú, do Instituto Nacional de Tradição e Cultura Afro-Brasileira São Paulo e do padre Júlio Lancellotti, vigário Episcopal da Arquidiocese de São Paulo e coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Igreja Católica, para debater a cultura de paz em 2019.
Algo que para os religiosos não será uma tarefa fácil. “Será um ano de luta e resistência”, antecipa o padre Júlio. O apoio a Bolsonaro por setores do poder econômico, a influência das igrejas nos meios de comunicação, a defesa por um estado anti-laico e o chamados “mercadores da fé”, foram alguns dos fatores ponderados para dar peso ao clima de intolerância que cresce no Brasil desde as eleições em outubro.

O que para o babalorixá Walter demanda não apenas a convivência com a diversidade de outras religiões ou pela escolha dos agnósticos e ateus, como estabelece a própria democracia, mas sobretudo respeito. “Nós não queremos tolerância, nós queremos respeito”, sintetiza o religioso. “É importante também o respeito com todos, com seu acreditar, com a sua fé… vamos ter olho, e de muito perto, para esse Brasil que está querendo se construir”.

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